RESPOSTA AO SR. PEDRO NUNES

20 10 2008

Relativamente à polémica que gerou o meu artigo sobre a formação «Magalhães», recebi um extenso comentário deste senhor, que fiz questão de destacar aqui, de lhe responder e, com isso, clarificar mais uns quantos pontos, para que de uma vez por todas toda a gente entenda a minha posição.

Exmo. Sr. Pedro Nunes:

Como já deve ter reparado, eu não tenho, sequer, tempo para responder às centenas de comentários que têm sido colocados no «post» da polémica, excepto um ou outro mais pertinente! Contudo, o seu comentário é tão rico em conteúdo que merece honras de «post» e fez-me gastar um par de preciosas horas para lhe responder. Escreveu o senhor:

Parabéns Paulo.
Você lá conseguiu a fama. Li-o no “Expresso”.
Passando os olhos por algumas das suas pérolas inscritas no seu blogue, uma deu-me uma vontade de rir que nem calcula.
Esta: ”…Eu não procuro qualquer tipo de protagonismo, sou avesso a ele…”
Homem, quem diria.
Você faz falta, sabe. Porque as pessoas precisam de quem lhes cante a música que elas gostam de ouvir. As pessoas tem uma necessidade tremenda de ajudar a zurzir em algo que as incomode, mas não sabem como o fazer. Vai daí, apanham a primeira boleia que lhes passe pela frente e aí vão. Batem até cansar. Até ao colo o levam se for caso disso, Paulo. Acho que você é que ainda não percebeu; ou percebeu desde início?
É um pouco aquela filosofia da acefalia das multidões: matam, destroem, mas “ninguém” tem culpa. O ruído ululante da multidão há-de dissipar uma ou outra responsabilidade individual ou a (des)necessidade de protagonismo.

: ”…Eu não procuro qualquer tipo de protagonismo, sou avesso a ele…”
Claro. Compreendo. Aliás parece-me claro, lendo as suas atitudes.
Ele são rádios, televisão, imprensa escrita… que horror. “Eu nem gosto de nada disto…”, parece que o ouço dizer, com aquele ar de enfado de uma pessoa que quer é estar no seu canto e que não a aborreçam. Mas o que é que você há-de fazer? Eles caem-lhe aí à sua porta e você não os pode enxotar. Compreendo.

Mas, se não gosta e “… é avesso”, Paulo, porque participa? Porque não nega? Porque não diz: “A minha opinião está escrita e publicada e isso chega-me. Nada mais tenho a acrescentar”. Porque não vai por aí?
Você ficou bem na foto, Paulo. Noto que está com ar contrariado, mas que fazer. Não se pode defraudar uma oportunidade destas. Uma pessoa “…é avessa” a protagonismos e lá tem que levar (melhor; obrigada a levar) com rádios, televisão e imprensa escrita. Um aborrecimento que a sua imagem In Expresso bem documenta. Foi um frete. Bem se entende.
Claro que li o texto da Margarida Cardoso e da Carla Tomás. O acrescento das “Outras Polémicas” que juntaram ao lado da sua foto, explica tudo em termos do objectivo político com que o “obrigaram” a romper com essa sua declarada “aversão” ao protagonismo. Dou-me por admitir que o objectivo não andará muito distante daquele em que milita o Paulo, mas isso, obviamente, é um direito que lhe assiste.

Mas hoje em dia é assim. Quando para lá forem os outros, os que lá estão fazem a mesma coisa. É a nossa forma de ser e estar. O nosso fado. São os podres desta nossa sociedade, que, todos, o Paulo e eu, ajudamos a construir. A isenção e o sentido construtivo das coisas nunca fizeram parte desta nossa malfadada maneira de ser; a sua e a minha.
Da leitura que faço do Expresso, há dois ou três pormenores que me saltam à vista e que gostaria de referir.

Diz: “… Quanto ao Magalhães”, até elogia o “excelente equipamento” e a sua “mais valia efectiva”. Não deixa de referir o “empenho” dos colegas (quais patetas em números “circenses”; este acrescento é meu; só para lembrar), a “maioria sentiu o ridículo mas serão mais obedientes e esforçaram-se por cumprir”.
Portanto, a circunstância da disponibilidade de um “excelente equipamento” e “uma mais valia efectiva” é algo despiciente que, tendo em conta as tremendas preocupações do Paulo pela coisa da Educação, refere de passagem sem se prender muito na sua “relativa” importância.
Importante sim, foi aquela malfadada Acção de Formação. Aquilo sim foi um problema nacional, que tem origem no Paulo, quer agora queira, ou não queira.
Aquilo foi um vulcão. Veja bem. A importância do Magalhães, que se dane! Aquela coisa da formação é que é o mais importante, dando direito a rádio, TV e imprensa escrita.
Eu sei. O Paulo até nem queria. Foi só um desabafo. Entrou por denegrir a postura de colegas, mas isso dissipa-se em favor do direito de opinião e por uma lavoura de rêgo a direito e quem por lá estiver há-de ser enterrado também.
Normalmente você assume-se, refugiando-se de seguida na retórica fácil do direito de opinião e liberdade da mesma. Não insista. Ainda vamos tendo disso. Vamos ver é até quando.
“A maioria sentiu o ridículo da situação…”.
Desculpe Paulo; você no seu texto referiu apenas dois heróis: você e um amigo seu. Apenas dois com náuseas. O resto da maralha seguiu em frente, aplaudiram e até “… esforçaram-se por cumprir… pela noite dentro…”. Vamos lá ver se agora não mudamos o discurso.
Da mesma maneira que você neste seu “frete” ao Expresso deportou, sabe-se lá para onde, “ … a náusea que sentiu com a apresentação dos trabalhos dos seus colegas…”; os tais “obedientes”.
Esqueceu de referir? E ”obedientes” significa o quê? Mentecaptos, cegos, (des)professores, tontinhos…? Explique aos colegas. Eles gostarão de saber o que você pensa dos seus pares, que é um direito que tem à opinião livre e democrática; fique descansado.

Descobrimos afinal que a proposta visava a construção de power points que servissem como exemplo a intervenções de professores do 1º ciclo e com destino a crianças de 6 anos, ou por aí perto.
Assim sendo, como diabo conseguiu você sentir-se nauseado com os trabalhos dos seus pares, que (pela noite dentro e “obedientes”) se lembraram de utilizar canções de índole popular ao alcance da disponibilidade das crianças daquele escalão etário? Estava a contar com quê? Com algum calhamaço técnico? Qual foi a sua proposta alternativa? Qual foi a sua diferença? Qual foi a sua crítica construtiva? Não ter mexido uma palha? Ter começado de imediato a construir um enorme pavão destrutivo que lançaria no dia seguinte no seu blogue (e poria a circular na Net, pois então), obviamente por aversão ao protagonismo e a uma imagem pública que diz repudiar, mas não perde uma única oportunidade de aparecer?

Diga-me Paulo. Além de críticas, o que é que já publicou de construtivo para a Educação e para a reconstrução dos seus colegas “obedientes”, cegos e “artistas de circo”?
Sabe o que me faz lembrar este tipo de comportamento? Aqueles críticos de arte que são capazes de deitar abaixo um quadro de um qualquer artista, destruindo-lhe a estética, a forma, as cores… e até a moldura, mas são incapazes de pintar uma tela de branco com um risco preto em diagonal.

Vou facilitar-lhe as coisas. Quem é politicamente este gajo? Chegado aqui já me tirou a “pinta”.
Pois. Olhe que não sei.
Avaliação. Quer saber o que penso do maior cavalo de batalha dos professores que, estranhamente, fez esquecer todos os outros problemas da Educação? O que não deixa de ser estranho, porque ao professore deve interessar toda a problemática do sistema educativo e não apenas aquilo que lhe diz respeito; a si e à sua carreira.
Pois então; a avaliação dos professores é apenas um golpe económico, um entretém que, além de colocar os professores uns contra os outros, os divide e os desvia dos reais problemas do ensino, os destrói pelo cansaço, roubando-lhes o tempo necessário à construção de uma melhor escola, e melhores professores, e por fim uma mistificação do escalonamento das carreiras, objectivamente coarctado pela imposição de cotas.
Entendidos por aqui?

Paulo. Um conselho. Ainda que eu ache que, chegado aqui, me terei tornado num péssimo conselheiro e uma má flor de se cheirar.
Não se iluda com este clamor de palmadinhas nas costas. Se se der ao trabalho de reler tudo o que lhe vêm escrevendo no blogue, tomará nota de que a maior parte se aproveita para descarregar a sua ira e insatisfação na problemática dos professores em geral e não pela malfadada formação do Magalhães. O Magalhães foi o cavalo. As pessoas estão descontentes e com razão. Mas não se deixe iludir com este uso e abuso de uma atitude sua que não se enfeitou de todos os méritos. Você é racional e entenderá isso.
Desafio.
Abra um verdadeiro debate sobre os reais problemas da Educação e dos professores. Diga o que pensa e o que propõe. Exija diversidade e essencialmente propostas alternativas. Seja, e promova, o espírito construtivo.
Faça por contornar a problemática política, embora sem a esquecer, porque a classe e o país merecem melhor que uma pura perda de tempo com discussões estéreis de politiquices e politiqueiros que, não tendo até agora merecido o esforço e empenhamento dos professores ao longo de mais de trinta anos de democracia, merecem menos ainda que percamos tempo a defendê-los ou denegri-los; os que estão e os que querem entrar.
Ah! Por fim.
Admita que não esteve totalmente bem nesta sua intervenção.
Não recue nesse seu desejo de participar activamente nas coisas que lhe dizem respeito.
Mas confira sempre os alvos…. e as setas.

Pedro Ene

Esta é a minha resposta:

Começo por dizer que se o senhor me conhecesse pessoalmente, não escreveria, decerto, tal texto! Mas como nunca me viu mais gordo, o senhor achou por bem poetizar a minha «aventura» mediática, alvitrando que a ela me predispus e que agora virei herói de uma classe que, aplaudindo as minhas opiniões, se faz notar como delatora do Ministério da Educação.

Confesso-lhe que me daria jeito saber quem é o senhor, o que faz na vida, e para quem! Isso, para além de repor alguma equidade no que ao juízo do outro diz respeito, ajudar-me-ia a tecer uma linha de rumo retórico; mas como não sei, e não espero que mo diga, apesar do «para quem» não ser difícil, pelo menos, suspeitar, usarei um método muito simples de lhe provar que se engana redondamente a meu respeito.

Cansado que estou de repetir que apenas opinei acerca dos conteúdos e actividades de um Acção de Formação, como aliás opino acerca de muitas outras coisas no meu blogue, não sou daqueles que se serve do «ruído ululante da multidão para dissipar a minha responsabilidade individual»; não me resigno a esse insignificante e cobarde estatuto!

Eis que uma opinião minha, talvez pela forma como está expressa, agita as águas dos media (famintos de regabofe) e resolvem assediar-me em catadupa, para explicações! Ora, o senhor acha que um cidadão simples e pacato como eu, que é avesso a protagonismos, de tal devia fugir a sete pés! E nessa altura o comentário do Sr. Pedro Nunes seria «…isto sim é de homem; dar a opinião num blogue e depois rejeitar mediatismo quando se lhe pedem explicações é que é de homem…»! Não, senhor Pedro! Eu já dei para esse peditório! Nessa altura, o senhor atirava-se a mim, chamando-me impropérios por lançar a polémica e depois não dar a cara! É sempre assim!

Pergunte à Margarida Cardoso, ou a qualquer dos jornalistas que me abordaram, qual a primeira coisa que lhes disse! «Eu não tenho notícias para vocês! Aqui não há nada que vos interesse, porque o que vos interessa é a polémica, nomeadamente, dos vídeos e das pessoas envolvidas e sobre isso eu não tenho qualquer responsabilidade! Mas lá vinham os pedidos de esclarecimento e eu… esclarecia-os! Claro que ficavam desolados com a minha postura e provaram-no com as ínfimas peças que passaram, comparando com o tempo de reportagem; a SIC, por exemplo, nem se deu ao trabalho de passar o que quer que fosse (pelo menos até agora); por certo, e muito bem, por não viram motivos para tal!

Se eu procurasse protagonismo, senhor Pedro, não teria declinado o convite que o próprio Ricardo Araújo Pereira me fez para colaborar no Gato Fedorento, dizendo-lhe que jamais entraria em sarcasmos com uma coisa tão séria.

As outras polémicas, senhor Pedro, não as do Expresso, que nada me interessam, mas aquelas que são as grandes questões que opõem ME e professores, não são polémicas; são rudes e cruas verdades, atentatórias da dignidade profissional de 150 000 pessoas, e nem o senhor, nem ninguém, podem ousar denegrir algum professor que delas se queixe.

Continuando a sua ode ao meu narcisismo, alega que fui despiciente no comentário à inegável mais-valia dos «Magalhães» e que me preocupei em fazer de uma Acção de Formação, uma notícia nacional! Portanto, o meu amigo acha, no fim de contas, que a Acção foi um sucesso, porquanto durante uma tarde e uma manhã (fora a noite) mais não se fez do que exortar ao «Magalhães»! Ou seja, o meu amigo alinha no diapasão de que a formação técnico-pedagógica em contexto de sala de aula, é um pormenorzinho de somenos importância! Isto é, uma professora do 1º CEB, de 50 anos, com vinte «Magalhães» e vinte «manganões» à frente, mais não precisa de saber do que mandá-los ligar, olhar para eles e… bater palmas!

E prosseguindo no seu ensaio sobre meu umbiguismo, bate no ceguinho do costume, afirmando que denegri colegas. Desta vez já não vou trivializar, dizendo simplesmente que não tive tal atenção! Prefiro dizer o seguinte, e quem me dera que todos os ditos colegas lessem este trecho: Já reparou que quem se sinta denegrido, por alguma coisa será? Já reparou que se os colegas, como espero, assumirem os seus actos com responsabilidade e sem arrependimentos, podem, eles próprios, denegrir-me a mim por me ter negado a tais actos? A diferença será que eu não sinto tal denegrição! E eles? Já reparou que alguns se apressaram a retirar da net os vídeos que eles próprios colocaram para testemunhar e partilhar o seu trabalho? Ainda assim tive o cuidado de não usar a imagem de ninguém no ÚNICO vídeo da minha responsabilidade!

Ali não houve heróis, senhor Pedro! Houve duas pessoas que quiseram manifestar-se contra tais actividades, dada a sua descontextualização! Que diabo! Estarão o PTE, a Intel, o ME e as outras empresas envolvidas, imunes a falhas de planificação?

Depois, essa técnica de retorquir cada metáfora que usei para relatar o sucedido, merece-me as seguintes precisões: «náuseas» foi quando vomitei tudo o que tinha no estômago para cima do vizinho da frente; «circo» foi quando o Sr. Cardinalli montou uma tenda gigante no meio do auditório e soltou dois leões; e «obedientes» foi quando os colegas subiram ao palco, vestidos às riscas, com umas bolas de ferro atadas aos pés e sob as vergastas das formadoras!

Pelo amor de Deus!

Ó senhor Pedro: o que eu penso dos colegas é tão importante como o que eles pensam de mim, ok? Apenas protagonizámos comportamentos divergentes de acordo com a forma de ser e de estar de cada um. Eles só têm de assumir os seus actos tal como eu assumo os meus! Elementar, mau caro Watson!

Em vez daquilo, senhor Pedro, eu não queria calhamaços técnicos, mas a minha alternativa, a minha diferença e a minha crítica construtiva foi efectivamente transmitida à senhora representante do PTE que estava no exterior e com quem esgrimi um debate de ideias, dizendo-lhe que esperava mais tempo dedicado à formação técnico-pedagógica, sem atritos linguísticos e onde se explorassem as inegáveis valências dos PCs, nomeadamente em termos de redes de grupos de trabalho. Mas também a dita senhora, e pelos vistos tal como o senhor Pedro, achou aquela sessão espectacular e absolutamente profiláctica na arte de explorar técnico-pedagogicamente um computador.

Parece-me, senhor Pedro, que já fiz, em 16 anos de professor, alguma coisa útil para a Educação! Tenho o bem mais precioso para o atestar – os alunos! Mas é óbvio que o meu amigo considera muito mais obra, meia dúzia de críticas, que escrevo no meu blogue!

O maior cavalo de batalha dos professores, senhor Pedro, dos bons e dos maus, porque os há, é a terminante recusa em aceitar serem unicamente culpabilizados por um fracassado sistema educativo, e o aberrante tipo de avaliação vigente bem como a castração de carreiras, servirem de palmatória.

Acha então que me vou iludindo com palmadinhas nas costas! Pois, meu caro, a prova que não me iludo é o veemente repúdio que dou a manifestações de força que recebo, aludindo a uma espécie gladiador que encarnarei, publicando as minhas opiniões. E sabe como as repudio? Por exemplo, com o texto «sejam livres, porra!» que encontrará antes do texto que despoletou tudo isto! Eu vivo com os outros, senhor Pedro! Não dos outros nem para os outros!

O meu blogue tem dezenas de artigos onde se debatem os reais problemas da Educação; o problema é que me parece que divergimos naquilo que achamos serem os reais problemas da Educação! Tenho vários textos onde faço propostas, nomeadamente, quanto à avaliação!

Segue-se a pérola do seu texto:

« Faça por contornar a problemática política, embora sem a esquecer, porque a classe e o país merecem melhor que uma pura perda de tempo com discussões estéreis de politiquices e politiqueiros que, não tendo até agora merecido o esforço e empenhamento dos professores ao longo de mais de trinta anos de democracia, merecem menos ainda que percamos tempo a defendê-los ou denegri-los; os que estão e os que querem entrar».

É muito difícil, senhor Pedro, mas prometo tentar doravante!

Admito, sim senhor, que não estive totalmente bem nesta intervenção, unicamente pelas metáforas linguísticas que usei e que podem ser mal interpretadas! De resto, não retiro uma vírgula; portanto, meu caro senhor Pedro, continuarei a ser um cidadão livre e interventivo, continuarei a ser «avesso» a mediatismos e quanto a esta polémica, que os media transformaram em notícia, poderia rever uma seta ou outra, mas os alvos mantenho-os!

Felicito-o pelo comentário!

Paulo Carvalho





OS INEVITÁVEIS ESCLARECIMENTOS!

29 09 2008

Depois de tudo o que se está a passar em torno desta polémica sobre as Acções de Formação sobre o Magalhães e que está a ultrapassar os limites do bom senso e onde tenho sido figura central em tudo o que é Jornais, Rádios e Televisões, vejo-me obrigado a tecer os seguintes esclarecimentos, para que seja dita a verdade e nada mais que a verdade, pois os media jamais professarão esta máxima e noticiam o que querem e não o que devem:

1) Sou um cidadão livre, professor/coordenador TIC no Agrupamento de Escolas de Castro Daire (não de Cantanhede, como ouvi na Antena 1) e expressei uma opinião estritamente pessoal sobre os descontextualizados e absurdos conteúdos de uma Acção de Formação;

2) Sou autor, única e exclusivamente, do vídeo que está neste blogue, no final deste post, e que aqui coloquei para documentar a minha opinião; nele, ninguém é identificável, pelo que não posso ser acusado de utilização abusiva de imagens; não tenho qualquer responsabilidade sobre qualquer outro vídeo que anda a circular acerca do assunto;

3) Apesar de não concordar minimamente com as actividades em que os meus colegas se envolveram, sempre coloquei em causa a pertinência das mesmas e jamais a seriedade, honestidade e competência de algum colega; cada um se responsabiliza pelos seus actos e eu responsabilizei-me pelo meu, que foi o de não participar e, no final, estar excluído do sorteio dos 3 (e não 4 como já li algures) Magalhães;

4) Ninguém foi «obrigado a»! As senhoras americanas propuseram as actividades e apenas disseram que quem não participasse ficaria excluído do sorteio!

5) Jamais coloquei ou colocarei em causa a competência de qualquer individualidade envolvida na Acção. Coloquei, isso sim, em causa a eficácia de uma comunicação feita por pessoas a falarem em Inglês, com carregado sotaque de Leste, traduzidos simultaneamente, reportando-se a slides em Português, bem como a pertinência das actividades propostas pelas senhoras americanas! Tão somente isso!

6) Não sei, nem me interessa, quem é o máximo responsável pelos conteúdos! Apenas discordei deles!

7) Eu não teria capacidade de produzir cantigas, teatros, ou o que lhe queiram chamar, com a qualidade de muitos que vi e que consideraria excelentes se devidamente contextualizados; contudo, serem o produto de «sessões de trabalho com a Intel» numa Acção cujo intuito era receber formação para replicar (atenção) junto dos colegas do 1º Ciclo (e não com alunos, como li e ouvi), isso não me peçam para concordar e repetirei até à exaustão!

8) Num país normal, nada disto seria notícia; contudo, num país onde, por um lado, existe uma Comunicação Social ávida de «homens a morder cães» e um povo como que amedrontado de emitir opiniões públicas, isto tomou proporções absurdas, dando-me um protagonismo e exposição que não gosto, não quero e não procuro! Sou um simples e pacato cidadão, cumpridor dos seus deveres cívicos e profissionais, mas que jamais abdicarei de ser interventivo e opinar acerca daquilo que entender;

9) Claro que toda a azia que reina entre professores e Ministério (e sobre isso as minhas opiniões estão também profusamente expressas no meu blogue) apimentou toda esta questão. Quero aqui manter o meu veemente repúdio à política educativa deste Governo, sobretudo no que ao cerrado ataque à dignidade docente diz respeito, mas tenho lucidez suficiente para saudar o Plano Tecnológico da Educação; contudo, apelo para que não se troquem computadores por votos, se aposte muito mais na formação, para que todos os professores tirem todo o partido técnico-pedagógico das máquinas e estas constituam uma real mais-valia no processo educativo;

10) Continuarei a desenvolver o meu trabalho, bem como a ser um cidadão livre e activo; não me amedronto de opinar, pois se os Miguéis Sousas Tavares e os Emídios Rangéis podem verter fel e raiva para cima de uma classe que elegeram como inimiga, e ainda por cima pagos para tal, porque é que eu não hei-de poder, calma, civilizada e tranquilamente, opinar sobre uma Acção de Formação? E nem preciso que me paguem!…

11) Tudo o que vai para além do que aqui disse, é pura falácia, da qual me demarco.

Paulo Carvalho

SEJAM LIVRES, PORRA!

Quando escrevi o artigo de opinião, que se encontra no final deste texto, acerca da Acção de Formação sobre o «Magalhães» que teve lugar nos dias 25 e 26 de Setembro, estava a léguas de imaginar a celeuma jornalística que iria causar. Que o meu blogue já é visitado por milhares de pessoas, isso eu sabia, mas nunca que este artigo fosse causar tanto apetite à comunicação social, como se de algo transcendental se tratasse. Se calhar nem notícia chega a ser, mas enfim…

Depois de, nas últimas horas ser autenticamente entupido de chamadas e solicitações de rádios, televisões e jornais e de a todos dizer que nada de noticioso me parece haver na crónica, a não ser uma simples opinião contra os conteúdos e metodologia de uma Acção de Formação, eis que quase todos os jornalistas questionam o comportamento dos meus colegas na dita sessão; contudo, tive o cuidado de deixar claro que nada tenho a opinar sobre isso e que cada um se deve responsabilizar pelos seus actos. Apenas achei ridículas aquelas actividades, devido à sua completa descontextualização relativamente ao que eu esperava da Acção. Frisei, até, que as senhoras americanas foram muito impressionadas com a capacidade criativa dos professores; agora, tudo isto numa «sessão de trabalho com a Intel»? Essa não!

Mas o que me choca no meio de tudo isto, e é por isso que escrevo este texto, é que todos os jornalistas com quem falei tentaram obter opiniões de muitos outros intervenientes na Acção e todos se recusaram a dar a cara ou uma simples opinião. Ora, parece-me, ou aliás, tenho a certeza, que as pessoas vivem hoje amedrontadas e parece que a Comunicação Social é algum papão para lhes desgraçar a vida.

Eu gostava que todas as pessoas se sentissem livres, num Estado livre e não se coibissem de dar uma simples opinião que seja. Cidadãos interventivos e activos é que constroem uma sociedade democrática e participada.

Entristece-me assistir a milhares e milhares de professores que vão gritando para dentro, chamando nomes feios a Governo e governantes, mas depois perante uma câmara ou um microfone, parece que algo os amedronta, como se dizer que discorda da Ministra, faça com que esta, no dia seguinte, os exonere!

A todos esses quero dizer que o Governo agradece tal atitude e enquanto ela se mantiver, farão de vós o que quiserem. Não adianta juntarem-se aos milhares na rua e depois manterem-se escondidos atrás de um anonimato cobarde.

Sejam livres, porra! Dêem, pelo menos, a vossa opinião sobre o que vos rodeia! Uma sociedade de cidadãos amedrontados de, sequer, opinar, não é uma democracia. No dia que eu sentir que não sou livre de dizer o que penso, embalo a trouxa e, qual Zeca Afonso, zarpo daqui para fora!

Paulo Carvalho

(de)FORMAÇÃO «MAGALHÃES»

Sou coordenador TIC do meu Agrupamento de Escolas e fui convocado para me deslocar ao parque tecnológico de Cantanhede para receber formação sobre o tão propalado portátil Magalhães. Lá fui eu para dois dias de trabalho, cujo programa era, em 90%, composto pela expressão « jornada de trabalho com a Intel»:

Hoje estou aqui para relatar aquilo que se passou naqueles dois dias, e se o estou a fazer, é porque algo de relevante se passou.

Pelas reacções que tinha lido nos fóruns relativamente às mesmas sessões de Porto e Lisboa, já ia a contar que aquilo não seria o que eu esperava; mas longe de mim imaginar que iria assistir a uma coisa absolutamente surreal.

Primeira nota triste do evento: a organização distribuiu «pen drives» de um Gb, oferta da Intel contendo toda a documentação. Acontece que tinham umas 100 unidades para dar a 200 pessoas. Claro que metade (incluindo eu) ficámos a ver navios, havendo dignos colegas que se açambarcaram de mais que uma, facto que também não me causa qualquer espanto, até pelo facto de ninguém imaginar que não haveria «pen drives» para todos. Mas para a Organização tratou-se de mais uma normalidade!

Comecemos pela manhã de Quinta-feira, onde fomos levados, em grupos, para pequenas salas do complexo, onde supostamente nos iriam ser dadas directrizes relativamente ao Magalhães e às suas potencialidades em contexto educativo, para nós transmitirmos aos professores do 1º ciclo. Aliás, esse deveria ter sido o grande objectivo deste encontro; recebermos formação para a replicar junto das escolas envolvidas.

Ao invés disso, e para ser muito mais sucinto do que gostaria nesta crónica, somos brindados com apresentações de powerpoints em português, lidas em Inglês com sotaque russo, traduzido por senhoras contratadas para o efeito, como se nunca tivéssemos ouvido uma palavra em Inglês na vida e como se isso fosse o entrave à formação. Num parque dito tecnológico, as redes funcionavam mal ou não funcionavam, ninguém sabia ligar, o senhor russo ia ironizando como se estivesse num país de 3º mundo e a senhora tradutora ia tentando fazer a uma espécie de ponte entre surdos mudos. A seguir, mais um estrangeiro qualquer a debitar informação em inglês sobre um powerpoint em português e depois apareceu um brasileiro (ena!!! Um brasileiro!!!) mas que nada de útil nos transmitiu.

Ou seja, depois de uma manhã onde absolutamente ninguém aprendeu nada de útil sobre os Magalhães que qualquer jeitoso de informática não domine, ninguém imaginava que o pior estava para vir.

Eis que pelas 14 horas iria começar uma das melhores sessões de circo a que os meus olhos assistiram até hoje. O speaker de serviço que ostentava na lapela uma identificação de uma empresa que não conheço, mas que nem era do ME nem da Intel nem da JP Sá Couto, apresentou as três senhoras que tinham vindo expressamente dos States, com chancela da Intel, para nos brindarem com uma sessão de trabalho inolvidável. Eis que aparecem 3 senhoras com ar de quem está reformado há 20 anos, nos EUA, mas que em Portugal estariam no auge da carreira. Depois das simpatias ao país e de demonstrar que nada de útil iriam transmitir, resolveram propor aquilo que as trouxe ao, pensam elas, Burkina Fasso da Europa. Desde logo me demarquei e senti vontade de abandonar a sessão, mas os colegas… ah e tal… esquece isso… e tal…. Não te enerves… isto é sempre assim… e tal! Continuei a assistir e a incredulidade ia aumentando.

Aquelas 3 senhoras, acham que uma sessão de trabalho com a Intel é propor a 200 professores que inventem uma cantiga ao Magalhães, e se possível com teatro à mistura. Como eu e mais alguns colegas (muito poucos) mostrámos alguma estupefacção pelo que se estava a passar, uma das senhoras americanas apressou-se a dizer, bem alto e em tom ameaçador, que quem não participasse não seria incluído no sorteio de um Magalhães que iriam oferecer.

E, meus caros leitores, era ver 200 professores imbuídos naquela actividade com todo o afinco; sei que muitos grupos trabalharam online pela noite dentro e ao outro dia de manhã, os meus olhos ficaram estarrecidos com a produção apresentada. O desfile dos «trabalhos», (era assim que lhe chamavam) começou, e desde o malhão do Magalhães, até à vida de marinheiro do magalhães, passando por coreografias com adereços circenses, tudo de «útil» passou por aquele palco, até as náuseas me obrigarem a sair. Apenas voltei a entrar para ir junto da senhora que tinha o saquinho das senhas para o sorteio e dizer-lhe que não iria colocar lá o meu papelinho.

Conclusão: à bela maneira dos professores portugueses, que são exímios na arte de obedecer, mesmo não concordando, e na arte de produzir conteúdos, ainda que lúdicos (pena ter sido num contexto absurdo), toda a gente parecia achar aquilo ridículo, mas apenas eu e o meu amigo Paulo Pereira resolvemos sair e mostrar a nossa indignação a uma senhora representante do PTE que, educadamente, tal como eu na abordagem que lhe fiz, esgrimiu as fundamentações para aquelas «sessões de trabalho com a Intel».

Salvou-se a Microsoft e a Caixa Mágica que, na sexta à tarde, nos mostraram, finalmente, algo de útil; no final pedi a palavra para dizer que apenas aquela tarde se tinha salvo no meio das inutilidades que caracterizaram aqueles dois dias, o que, pasme-se, faz arrancar um caloroso aplauso da plateia.

Alguém me explique como se eu tivesse 8 anos, como é possível convocar 200 professores para dois dias de trabalho com a Intel, com a apresentação do «Magalhães» em pano de fundo e, basicamente, 3 senhoras americanas, apoiadas por pessoas de… uma empresa (!), gastarem um dia a obrigar-nos a produzir teatrinhos e cantigas para miúdos de 6 anos, outro meio dia gasto com russos a lerem powerpoints em pseudo inglês, escritos em Português, com tradução por senhoras contratadas.

Como professor e coordenador TIC senti-me vexado nestes dois dias. Aquelas senhoras devem pensar que somos um bando de imbecis e nunca vimos um computador na vida; tudo isto pago pela DREC, cuja Directora, no final, enalteceu o evento.

Relativamente aos meus colegas, mostraram, como sempre, que tudo são capazes de fazer, mesmo o ridículo, mas ficou, essencialmente, a prova de como não há-de o Ministério fazer de nós gato-sapato a seu bel-prazer!!!

Nota: O Magalhães é um excelente equipamento e, mesmo sem aposta na formação e com esta atabalhoada distribuição, julgo ser uma mais valia efectiva para a modernização do caquéctico ensino do 1º ciclo em Portugal.

Aqui fica um video que apanhei durante uma das actuações que mais aplausos arrancaram.

Paulo Carvalho





TIC, TIC e mais TIC!

24 08 2007

Bem vindos ao espaço dedicado às Tecnologias.

Sou um amante das novas tecnologias, nomeadamente, ligadas à Educação e por aqui andarei para apresentar, partilhar ou comentar projectos e outros assuntos relacionados com esta área.